De Alberto Caieiro, "em Pessoa":

"Pensar incomoda como andar na chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais"

12/08/2015

De relativos à superlativos. De pão ou de razão.

Se não
há pão
brioche, então
com um senão:
sua porção
(mal) cabe na mão,
dele a porção
(mal) cabe na mão,
vossa porção
(mal) cabe na mão.
Sua razão?
Nenhuma, não.

Sem reclamação!

Contra ou não,
sua manifestação
firma nossa posição,
sustenta nossa relação.

Ah, nossa porção?
Ora, um pouco tão...
Superlativa!

18/10/2014

Eu não gosto (até porque não sei) de rimar... Há anos e anos não ponho mais título. Mas desta vez ficou conveniente:

NEM PÓ RESTARÁ

A sombra do passado
é a treva da subserviência:
por-se ao lado, com obediência,
de quem lhe quer muito bem explorado.

Quem, manipulando-lhe a consciência
mascara seu verdadeiro lado,
e distorce fato desgastado
e sem consistência.

Cuidado, busque toda ciência,
é o prelado da excrescência!

Ciência, tenha todo e mais cuidado,
mantenha paciência, mas não fique calado.

31/03/2014

Resenha: O velho e o mar ("The Old Man and the Sea"), Ernest Hemingway

Obstinação.

O cansaço é grande, a fortuna é pequena e a solidão, gigantesca - venha a saudade, então!
Mas o mar - o feroz, o gigante - é amigo. Quase irmão. 
Assim como o barco, nave imbatível.
Assim como o peixe, maior que eu, maior que o barco, maior que o cansaço e a solidão. 
É a vida. É a lida. E a solidão...
Mas que são quase três meses diante minha teimosia em viver? Eu vou, completamente só - ou não, com meu barco e o irmão mar e um peixe contra o qual lutar - e voltarei. E a fortuna vai mudar (ou quase). 
Os dias, as noites, a corrida, as mãos calejadas e estrepadas, meu também amigo e irmão espadarte. E os tubarões. Dentusos. Malditos. Desfazer todo o revés, mas só pela metade. 
Todos souberam. Todos viram. Manolito poderá voltar ao mar comigo.
Depois, imenso descanso, profundo sono por meu tremendo cansaço
Mas não o sono eterno. Porque eu sou velho, mas estou vivo, e me quero vivo, e lutarei - com tudo o que eu posso, com o pouco que eu tenho, mais o conjunto do que a vida e o mar e os peixes e o céu e Manolito me permitiram saber.
Santiago.

Pois é. Em tamanho, um folhetim; mas em profundidade... Ou genialidade ou o único acaso da vida.
Que livro, que singeleza, que livro!